Um formoso pavão
excitava com a beleza das suas penas a curiosa atenção de alguns homens que o
estavam admirando, e que lhe não poupavam elogios. Súbito ouviram estes o
cantar de um rouxinol (pássaro europeu de canto mui lindo), e logo tudo
esquecendo, procuram chegar-se para o lugar de onde partia tão suave melodia.
Abandonado, o pavão encheu-se de raiva, e queixoso foi ter com Deus. Por
que há de um passarinho, feio e sem graça, cantar melhor do que eu; Por que me
não deste a voz do rouxinol? Perguntou.Não sejas ingrato, respondeu-lhe
Deus. Cada animal tem suas prendas, nenhum tem tudo; à águia coube a
força, ao rouxinol o canto, a ti essa plumagem recamada de estrelas e de
esmeraldas; não és dos mais mal aquinhoados.
— Sim, mas eu queria
cantar como um rouxinol retrucou o pavão.
MORALIDADE: Poucos se
contentam com o que têm, todos invejam o alheio, e assim se fazem desgraçados.
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